Torna-se cada vez mais difícil explicar às crianças qual a razão de não poderem aceder ao parque infantil do Jardim Basílio Teles, em Matosinhos. Primeiro foi a destruição completa dos equipamentos, fruto do vandalismo e falta de civismo. Algo que está espalhado por toda a cidade e, que, nos habituamos a aceitar. A troca de equipamentos demorou a acontecer. Durante vários meses, as crianças limitaram-se a observar um espaço amplo, propício ao passeio dos rafeiros para que lá pudessem "arrear o calhau". Porreiro! Finalmente começaram as obras. Novos equipamentos. As crianças iniciaram a contagem decrescente para um novo mundo de brincadeira. E ainda hoje continuam a contar. Confusos, caros leitores?! Já se perdeu a conta aos meses em que os equipamentos permanecem envoltos em sacos plásticos. Falta o chão. Será este o motivo?! Alguém importante para a inauguração pomposa?! Não faço ideia...
Há poucos dias estava um indivíduo, de colete, a vigiar o recinto. Enxotava os petizes que arrancaram alguns plásticos para começar a brincar! Caramba, está tudo montado e não deixam brincar?! Querem que o lobo não ataque as galinhas com o galinheiro aberto?! Tenham lá juízo! Alguém importante não quer brincadeira. Os equipamentos receberam barreiras de protecção metálicas. Parecem peças de museu. As crianças não brincam. Mas, num acto maquiavélico brinca-se com as crianças. Porquê?! Sinceramente não sei. Mas o silêncio faz desesperar! Tanta tecnologia, newsletters, jornais locais e, da Câmara Municipal, nem uma única palavra. Ou, se por acaso, existiu algum comunicado, foi tão "baixinho" que aqui não chegou. O que chegou foi a conta do IMI. O que ainda mais me revolta.
in "As Crónicas Tugas, tem de ser" (Chiado Editora, 2016)