2018/02/02

O TERROR PARA OS ACELERAS

O anúncio foi feito com a pompa e circunstância que a ocasião exigia. Um reforço de peso para a frota da Polícia Segurança Pública. Um aviso aos mauzões e pilotos de rally das estradas nacionais. Cuidem-se! Porque a mais recente aquisição é um Audi R8 4.2 Fsi Quattro. Promete não dar tréguas aos que colocam a vida de todos em risco. Este veículo já pertenceu ao jogador Angel Di Maria quando ainda estava no Benfica. Foi vendido a um stand de automóveis e adquirido por um dos maiores traficantes de droga do País. Apreendido, em 2013, numa grande operação policial, está agora na posse do Estado Português.

O terror para os aceleras! Com 420 cv, atinge uma velocidade superior a 300 km/h. Chega aos 100 km/h em menos de 5 segundos. Convém recordar que uma máquina destas não é para todas as bolsas. Custa cerca de 170 mil euros. Numa fase inicial ficará por Lisboa para acções de fiscalização, visitas de estudo ou exibições públicas como efeito dissuasor. Contudo, em caso de necessidade, será usado por todo o país. Certamente ao divulgar, desta forma, tamanho reforço policial, as autoridades deveriam saber que ficam mais expostas aos olhares indiscretos que anseiam por uma qualquer escorregadela. Não foi preciso aguardar muito tempo para ver, nas redes sociais, uma fotografia, deste bólide, numa auto-estrada em cima de um reboque. 

Há dificuldades orçamentais na Administração Pública. Muitas viaturas policiais estão amontoadas em garagens ou parques por falta de peças ou combustível. Algo que um veículo, desta categoria, consome em quantidades descomunais! Não anda a água! Contudo, ainda agora entrou ao serviço e já está de baixa…

2018/02/01

O GOLPE DO PORTUGUÊS


Os cientistas e outros investigadores vivem na esperança de uma descoberta fabulosa e inédita, que lhes permita atribuir o nome ou apelido. Uma forma de imortalizar o seu trabalho. Confesso que, numa fase inicial, gostei do título da crónica. É sonante! Uma distinção para a nossa nacionalidade! Afinal, enganei-me…

Do Brasil (país irmão), chegam as imagens e a história de onze portugueses detidos. São suspeitos de terem aplicado o que no nosso país já é conhecido pelo golpe do português. Um crime de burla em que produtos contrafeitos são vendidos como se fossem de marca. Além das detenções, a polícia brasileira apreendeu casacos, malas e perfumes. Apresentam-se em carros topos de gama e vestidos a rigor. Procuram escritórios para mostrar produtos que garantem ser de marca. Identificam-se como empresários portugueses. Explicam que o material vem de um centro comercial, em falência, e que precisam vender os itens a preço de custo para evitar pagar impostos. Assim conseguem juntar dinheiro para regressar a Portugal.

A burla resulta! São educados e carismáticos, usando a condição de estrangeiro para produzir uma situação legítima. As vítimas, com vergonha, optam pelo silêncio. Recusam apresentar queixa junto das autoridades competentes que, sem provas ou testemunhos, nada podem fazer. E é esta a nossa imagem de marca no outro lado do Atlântico…