2022/02/18

O MAL DE TODOS OS PECADOS

Os números das audiências têm vindo a demostrar que há um crescente abandono dos telespectadores em relação às emissões regulares dos canais televisivos. A televisão por cabo é a nova tendência. Sem esquecer as redes sociais (onde os Tugas desperdiçam parte das suas vidas). Seguramente reconheço utilidade em certas publicações, no entanto, em certa altura algo parece ter corrido mal. Os sentimentos negativos tomaram posse dos teclados e qualquer publicação – para além de lida às avessas – é entendida como um ataque pessoal ou vista com desdém. É necessária precaução com aquilo que se quer dar a conhecer. Até porque, este software (do Diabo) acaba de arranjar uma nova polémica…

Uns meliantes amadores resolveram assaltar uma Caixa Multibanco na União de Freguesias de Vilar e Mosteiró (Vila Conde). Sem qualquer experiencia na arte do gamanço conseguiram rebentar com o equipamento. A população, que ficou sem possibilidades de levantar dinheiro, foi a única prejudicada neste acto criminal sem precedentes. As entidades competentes resolveram o assunto colocando novo aparelho. A polémica prende-se com o dia da inauguração. Não, não é engano! Houve um dia para a inauguração oficial da nova Caixa Multibanco! A cerimónia solene contou com a presença dos autarcas da Freguesia, Elisa Ferraz (Presidente da Câmara de Vila Conde) e Bruno Miguel Ávila (Padre) que benzeu a nova maquineta depois do discurso da autarca.

Sendo o dinheiro o mal de todos os pecados, este episódio peculiar, contribui para uma discussão intensa sobre os pecados mortais. Neste pequeno gesto – de propaganda eleitoral – encontramos a luxúria, orgulho (vaidade), a ira e até a inveja… demonstrada, sem qualquer réstia de dúvida, nos comentários da população de Arcos. Até porque, tiveram a colocação de uma caixa recentemente e nenhum dos membros do executivo ou da Igreja passou por lá! Afinal, nestas coisas do dinheiro, confirma-se que há uns mais beneficiados que outros…
 

2022/02/17

O AZAR ESCONDE-SE À ESPREITA

A bola de ginástica. Existe em qualquer ginásio, mas também é o equipamento perfeito para descobrir as propriedades dos polímeros elásticos e dar trambolhões enormes. Sendo considerada actividade física – e, como tal, cansa muito – prefiro centrar as minhas atenções não para o ginásio, mas para um jantar organizado por um grupo de amigos. Sentado à mesa sei o que devo fazer! (Isto é, se não tiver à frente um faqueiro completo como se vê nas revistas que mostram a vida dos vip’s). Tudo foi organizado ao pormenor e, apesar de não ser um jantar de gala, impunha-se alguma beleza e uma higiene pessoal mais cuidada. Com algum esforço consegui cumprir os requisitos mínimos (saltei a parte do espelho meu) e aguardei a boleia. À hora marcada, por incrível que pareça, eu e alguns amigos estávamos, todos janotas, a caminho do restaurante.

O azar esconde-se à espreita e conspira para tramar a vida dos Tugas! E assim foi… Durante a viagem um dos companheiros sentiu uma terrível dor de barriga. Estando no meio de nenhum foi impossível pensar em encontrar uma casa de banho e, uma vez que o chamamento era fortíssimo, não restou outra alternativa senão procurar um pequeno canto num terreno sombrio à face da estrada apenas iluminado pela luz da Lua. Ainda teve a sorte de haver alguém com lenços de papel… Depois de terminado – e com ar rejuvenescido – juntou-se ao grupo. Apenas teve tempo de reparar que tinha agarrado ao sapato o que deveria ter ficado na vegetação! Em pânico – e já sem lenços de papel – lembrou-se daquele ditado que diz: quando se alivia um Português, seguem logo dois ou três! E, por aquilo que vi, ele deve ter sido o terceiro…
 

2022/02/16

MADE IN CHINA

Há notícias que captam a nossa atenção e nos impelem a querer saber mais pormenores. Esta é uma delas! Especialmente dedicada a todos os Tugas do Norte (que estejam a ler esta crónica). Estando abrangido pela área geográfica, é claro que estou preocupado! Caros leitores, devem sair à rua com a cabeça bem levantada e os olhos postos no céu (esqueçam lá as moedas perdidas nos passeios). Muito cuidado com a Tiangong-1! Um pedaço de sucata, do tamanho de um autocarro, que vai despenhar-se no planeta Terra mas ainda não se sabe exactamente onde. Os peritos revelaram que Portugal está na rota de colisão dos destroços desta estação espacial chinesa e pode ser o feliz contemplado. Desde 1957 que a humanidade tem preenchido o espaço com lixo enviado do nosso planeta e, segundo a lei do retorno (ou karma) o entulho, mais cedo ou mais tarde, encontraria o caminho de volta. Como acontece aos inteligentes que cospem para o ar e ficam à espera…

A estação espacial foi lançada a 29 de Setembro de 2011 tentando impulsionar a China para os níveis de uma superpotência espacial. A Tiangong-1 (que significa “Palácio Celeste”) foi a primeira estação espacial chinesa a ser lançada no espaço. No entanto, no ano passado as autoridades chinesas alertaram que tinham perdido o controlo sobre o satélite. O que vem levantar a questão sobre a verdadeira qualidade do material “Made in China”. Por ser impossível controlar as comunicações o calhau metálico está, desde então, entregue às forças atmosféricas. Sei que os signos são diferentes na China mas pelo nosso calendário a Tiangong-1 é Balança: tinha tudo para correr mal. E mais não digo… A probabilidade de causar estragos é bastante diminuta, mas existe! Há registos fotográficos da passagem sobre a Alemanha e Espanha. Ou seja, parece ter vontade de conhecer a Europa antes de se despenhar. Toda a cautela é necessária! Até porque a China fez questão de recordar que a Tiangong-2 está lá, pelo espaço, desde 2016. Tal como acontece com as bugigangas electrónicas, os chineses ficam com os créditos da invenção enquanto nós, os europeus, temos de resolver os seus problemas quando “as coisas” não correm como planeado. E sem passar na alfândega!
 

2022/02/15

NÃO MORRER DA DOENÇA...

Apesar de ser o feliz proprietário de um apartamento – que será legitimamente meu quando eu já estiver quase senil, agarrado a uma bengala e com lapsos de memória – tento usufruir ao máximo dos dias que vou riscando no calendário. Mesmo com limitações de espaço, confesso ser um admirador da vida animal e, como tal, partilho a intimidade do meu lar com um peixinho encarnado. É sossegado, não suja a casa ou necessita que o leve à rua para deixar a sua marca… nos sapatos dos mais distraídos! Contudo, é um ser vivo e exige cuidados… A vaga de frio que tem atacado várias regiões do país e respectivas habitações (tem dias que sinto que estou trancado numa qualquer arca congeladora dum talho) obriga a cuidados redobrados com o aquecimento. A minha cozinha parece localizada em pleno Alasca! Chego a pensar na questão de alterar o registo da minha casa: uma parte em Matosinhos, a outra no Alasca. Pelo menos pouparia na questão do Imposto (IMI). E nem preciso de verificar qual a taxa aplicada lá! O pobre peixe também sofreu com o frio. O termómetro da água indicava 17ºC! Quase dez graus abaixo da temperatura ideal. Ou seja, o meu peixe corria risco de hipotermia! Ou congelado vivo! Seja como for, algo tinha de ser feito para evitar aquele cenário de terror no aquário de 5 lts. Imbuído no espírito de socorro, iniciei a minha jornada para salvar a vida do pobre guerreiro de água estagnada.

Descobri, nas lojas de especialidade, que a tendência actual é ter aquários de tamanho XXL. Ou seja, um parolo como eu – que tem um quadrado pequeno que o peixe quase nada com o rabo de fora – sente-se imediatamente envergonhado e sem encontrar aquilo que procura: uma resistência térmica para aquecer a água. A solução mais óbvia foi, certamente, recorrer à sapiência e qualidade das lojas chinesas. Comprei um aparelho destinado a aquários de 100 litros. Vinte vezes superior ao que necessitava. No entanto, senti que algo tinha de ser feito pelo peixe. Morrer enregelado não é digno! Se bem que assado, não parece melhor... Dois minutos depois de ligada e colocada na água, a resistência resolveu estourar! Dezenas de pedaços de vidro explodiram em redor do peixe que, alheio ao que se passava, continuava a passear. «Pronto! Foi desta que matei o peixe!» Foram as primeiras palavras que proferi! Também soltei uns palavrões mas, para manter a decência, prefiro não especificar… Asseguro que o peixe não morreu. Escusam alertar as autoridades competentes ou os serviços sociais. Apesar de toda a minha disponibilidade e boa vontade – e tremenda dose de aselhice – cheguei à conclusão que a solução foi mudá-lo de lugar. Geralmente a solução mais simples é a mais acertada. Vá se lá saber porquê, raramente se coloca em prática. Arrisco-me, sem dúvida, a dizer que o pobre não morreu da doença… mas, caramba, quase virava defunto com a cura!
 

2022/02/14

PARA A MINHA ESPOSA

Se escrever que estás casada com um escritor famoso, de certeza que vais soltar duas ou três gargalhadas. Sei que não o fazes com má intenção, mas porque sabes que a fama – estatuto tão procurado pelos mortais – é efémera, relativa e tão difícil de conseguir. Tenho dois mil amigos no Facebook e, certamente, mais de metade já seleccionou a opção “não seguir” em relação ao meu perfil. Não os censuro. Por vezes, nem eu próprio me aturo… Muitos dizem não saber o dia de amanhã. Confesso que fico preocupado com isto, acredita! Se me perguntarem (e sendo hoje Segunda-feira) vou responder que amanhã é Terça-feira! Isto é básico e está num rectângulo de papel, ao qual chamam calendário. Impossível é saber o que vai acontecer. Já muitos tentaram adivinhar, mas sem qualquer sucesso! (lembras-te do Zandinga e do Nhaga?!). Mas imagina que, por um acaso, consigo arranjar um conjunto de leitores – idêntico aos do José Sócrates – que façam disparar o volume de vendas superando o Pedro Chagas Freitas. Será que podes parar de rir?!

Escrevo esta carta para te informar que, se tal acontecer, sabes que vou ser assediado e perseguido por mulheres lindíssimas, estilo actrizes de cinema – e não pelas velhas decrépitas que me enviam mensagens nas redes sociais. Sei que não será pelos meus atributos físicos, porque já os tenho actualmente e ninguém me persegue. Esqueci-me das operadoras de call-center, mas será que as posso incluir na estatística?! Sei que estás comigo por amor e nada mais. Até porque tens conhecimento que o raio do extracto bancário vem sempre a vermelho e com vários avisos (nada simpáticos) do gestor de conta. O raio do homem farta-se de pedir dinheiro! Temos uma história de vida simples. Um conto de fadas de baixo orçamento. Restaurante de luxo – com um faqueiro completo em cima da mesa – não está no nosso horizonte. Para além de necessitar de um manual de instruções, teria de utilizar todo o meu plafond no cartão de crédito e, posteriormente, fraccionar o pagamento em vinte e quatro vezes! Sem juros! Também dizem que a comida gourmet não presta. Será preferível continuar a comprar frango assado no restaurante aqui perto…

Um homem não é de ferro e, sinceramente não me recordo do que fiz há nove anos atrás. É certo que nunca estive na América ou em discotecas tão bem frequentadas como aquela do Ronaldo. Lembro-me de ter estado em Tui para comprar rebuçados. Nada mais. Também sabes que a minha primeira noite, fora de casa, foi passada contigo. Para mim, foi inesquecível. Acordei sobressaltado, à procura do comando, para desligar o ar condicionado e ainda consegui bater com a cabeça na mesinha-de-cabeceira! No entanto, sabes que o estrelato atrai gente mal-intencionada e até são capazes de inventar relacionamentos que nunca tive! Razão pela qual escrevo este manifesto. Minha querida, podes ficar descansada. Jamais serás perseguida pelos órgãos de comunicação social (ou pelo Correio da Manhã) para entrevistas ou comentar escândalos do teu marido. Até porque, para tal acontecer, é necessário subir a escada do sucesso rumo ao estrelato. E eu tenho dias que nem os degraus da entrada do prédio consigo subir…
 

2022/02/11

DIALECTOS DA CARTEIRA

Música. Não é para qualquer um. Mas isso não impede que qualquer um tente realizar um dos sonhos mais pretendidos, ser cantor. Mas, antes de arriscar numa carreira será melhor procurar ajuda dos cantores mais experientes… Em Outubro de 2016, os habitantes de Terras Tugas (que assistiam ao programa do Manuel Luís Goucha) ficaram estupefactos com a actuação da Maria Leal. Nome desconhecido até então. O vídeo da sua actuação tornou-a num fenómeno da Internet, arrecadando mais de três milhões de visualizações no YouTube, em menos de um ano. O mesmo período que fez disparar a venda de aparelhos auditivos…

Dois anos depois, o canal televisivo Sic resolveu emitir um programa sobre a sua ascensão meteórica rumo ao estrelato, passando pela principal fonte de rendimento: o seu marido. Aliás, o foco do programa incide sobre ele. Francisco D’ Eça Leal, nascido vinte anos depois da cantora. Um jovem fragilizado com registos de esquizofrenia e com sérios riscos de ficar paraplégico, depois de se ter atirado de uma janela do Hospital Julio Matos. Herdeiro de uma fortuna avaliada em um milhão de euros viu a cantora entrar na sua vida com promessas de amor eterno com cartões de crédito! Em três anos, este amor tórrido fez desaparecer grande parte da herança. Francisco, que ainda continua oficialmente casado, viu desaparecer o seu grande amor, três imóveis e todo o dinheiro. Vive sozinho, com a ajuda da mãe e da Santa Casa da Misericórdia. O pobre Francisco ainda não tem a noção do que se passou. Parece um viajante do tempo que ainda não se apercebeu em que ano está! Diz acreditar na justiça. A mesma que não consegue intimar a cantora para se apresentar em tribunal por desconhecer o seu paradeiro. Bastava aceder à página do Facebook para descobrir quais as cidades que ela vai infernizar brevemente! A justiça tem limitações, temos de aceitar! Penso que o único interveniente feliz desta história é o dono da loja de artigos chineses, no qual, a cantora gastou mais de 1.500 euros! Penso que, com tanto dinheiro, o homem fechou a loja, rumou à China e reformou-se!

Os dialectos da carteira têm dias assim! O amor platónico pode ser mais curto que uma viagem de táxi. Não há limites para a ganância humana e, mesmo sem qualquer talento ou atributos físicos extraordinários, a sua carreira continua. Tem fãs espalhados por todo o nosso país. Conseguiu mediatismo à custa do oportunismo, falta de escrúpulos e herança choruda. Contudo, nesta parte final da crónica, ainda não decidi se devo culpar a atitude activa da cantora, ou a extrema passividade e ignorância do rapaz! De qualquer forma, a vida continua e um programa de televisão – que dignificou a imagem do Ribeiro Cristóvão – já não tem a capacidade de conseguir parar um país. A indignação é efémera e, certamente, muitos dos que estão a ler já se esqueceram do que viram. Abençoadas redes sociais e programas matinais! Volta Zé Cabra, que estás que perdoado…
 

2022/02/10

A VIDA EM MOVIMENTO

Metro do Porto. Um excelente meio de deslocação entre várias cidades com demasiadas pessoas e ainda mais viaturas. É o transporte público perfeito para estudar a relação entre movimento circular, a falta de discernimento e força humana, com uns galos e arranhões pelo caminho… Nos últimos tempos, o tipo de utilizadores deste transporte público tem vindo a mudar. Arrisco escrever que reflecte o estado (moribundo) da sociedade, com falta de valores, educação e, porque não, higiene! Sabemos que há composições que, em pleno dia, parecem uma lixeira a céu aberto! Garrafas, embalagens diversas, pacotes de bolachas, pastilhas elásticas, cigarros, jornais, etc. E, neste ponto, tenho de aplaudir o esforço dos mais habilidosos que procuram as junções dos bancos para colocar o próprio entulho. Seria bem mais prático (e razoável) utilizar o caixote do lixo nas estações. Sabem, é para isso que eles estão lá!

A empresa tem vindo a apostar na educação cívica dos utilizadores. Por incrível que pareça, ao fim de mais de uma década, ainda é necessário explicar às pessoas que querem entrar que devem aguardar pelas que pretendem sair. Foi adoptado um sistema de zebrado para libertar os espaços de circulação. O resultado, nas estações mais movimentadas, chega a ser caótico! Os mais renitentes – que entendem tudo ao contrário – ocupam o zebrado e provocam a confusão aquando da chegada do veículo. Fosse filmado a preto e branco e tínhamos um pequeno filme ao estilo Charlie Chaplin! Ficam estarrecidos com o som do fecho das portas! E se uns compreendem que há um tempo limite de espera nas estações (e aguardam poucos minutos pelo próximo), outros resolvem utilizar a prepotência e massa bruta para, num gesto animalesco, bloquear a porta. Não me recordo de outro tipo de transporte público que autorize esta proeza… Por vezes, o equipamento vence e lá fica uma mão trilhada. Quando isto acontece, aparece sempre uma reclamação. É a ironia desta vida: um prevaricador arranjar motivo para reclamar! Abençoado seja!

A compra de títulos de viagem é ritual que também, ao longo dos últimos anos, deixou de se praticar. Os renegados da sociedade (ou mitras) viajam constantemente sem título de transporte e, pasmem-se, ainda conseguem desdenhar das condições de viagem! Estão familiarizados com a rotina dos vigilantes e sabem que a justiça da Terra dos Tugas dá-lhes o estatuto de intocáveis! Arrisco dizer que, para eles, o crime compensa! Bem, esta viagem terminou. O tempo urge! Outra começa. São vários quilómetros percorridos nesta rotina diária… Termino a crónica, citando Stephen King: “O Inferno é uma repetição! Fazemos a mesma coisa vezes sem conta”. Sendo assim, lá vou eu para mais uma viagem…
 

2022/02/09

BRUXARIA E LOJAS CHINESAS

Os que seguem as minhas crónicas, certamente, já não se espantam com a minha capacidade de encontrar títulos sugestivos. Sabem até que, por vezes, vale mais que o próprio texto, mas se chegaram até esta linha – depois de ler o título – sem se benzerem, agradeço a coragem e garanto que podem ler o restante, sem qualquer tipo de risco para o físico ou para a carteira. Os habitantes de Terras Tugas acreditam na sorte. Basta ficar atento à quantidade de gente que anda, para aí, a esfregar raspadinhas! A sorte e o azar são excelentes desculpas para justificar aquilo que parece não ter razão óbvia de ser. Tendo em conta o número de especialistas africanos, com consultório cá, acredito que o oculto arranja muitos clientes! Recordo que esta é uma crónica de ficção, qualquer semelhança com situações da vida real terá sido meramente coincidência. Achei importante esclarecer este ponto… não vá o Diabo tecê-las!

Durante várias semanas, um grupo de alunos ensaiou uma peça de teatro. O dia da estreia tinha chegado! Tudo estava pronto, apesar dos nervos. Minutos antes da subida do pano – quando chegou perto das escadas de acesso ao palco – uma das actrizes sentiu-se mal e desmaiou. Em pânico, alertaram os professores e solicitaram auxílio médico. A notícia chegou aos restantes membros do elenco. Quando se aproximaram, uma outra actriz sofreu o mesmo sintoma. Pumba! Caiu para o lado! Ao verificar tamanho aparato – e cenário de guerra, com duas vítimas no chão – uma das professoras mais velhas, deu azo aos seus conhecimentos místicos e, sem qualquer sombra de dúvida, diagnosticou o Mafarrico como o principal culpado da situação. Coisa ruim pairava no ar… Para tratar da saúde ao espírito maligno que andava a fazer das suas – estilo Fantasma da Opera – foi comprar velinhas para purificar o ambiente. Não havendo lojas de especialidade em artigos de mau-olhado, aviou-se na loja do chinês perto da escola. Pelo menos, não gastou muito dinheiro… Regressou à escola ao mesmo tempo que a ambulância. Determinada, acendeu as velas aromáticas enquanto os paramédicos tratavam as duas pacientes e restantes reclamações pelo tremendo pivete emanado pelas velas. As miúdas recuperaram os sentidos e, felizmente, nada de grave se passou. Talvez um ataque de ansiedade causado pela estreia da peça. No entanto, ainda hoje se debate quem salvou a situação: a ciência ou o misticismo.

Caro leitor, não pretendo fazer qualquer juízo de valor em relação a este debate! É uma decisão pessoal e cada um tem a liberdade de escolher o que mais lhe convém! Tal como os fanáticos da raspadinha! Contudo, seja qual for a vossa escolha, tenham em conta que devemos trabalhar com a dignidade que a situação nos impõe. Afinal, a luta entre o bem e o mal dura há imensos séculos e, com certeza, nenhuma força demoníaca gosta de ser enfrentada com recurso a material manhoso das lojas chinesas! Chega a ser desprestigiante! É ter isso em atenção! Afinal, dizem que o Inferno é mau, mas como isto está, qualquer dia, por cá será bem pior…
 

2022/02/08

FERIMENTOS LIGEIROS

Admiro o jornalismo sensacionalista como qualquer outra pessoa. O repórter em cima do acontecimento! Isto claro, se o acontecimento deixar e o repórter não pesar muito! Chamem-me antiquado, mas sou dos que prefere tratar as notícias com alguma distância temporal. Tem as suas vantagens: permite recordar algo já esquecido e, por vezes, com pormenores que não foram divulgados à custa da pressa informativa. No caso das peripécias que escolho e abordo, a estupidez não se perde… Em Dezembro de 2016, três rapazolas resolveram brincar aos filmes de acção que se fazem por Hollywood. Pela calada da noite, furtaram uma viatura e dirigiram-se ao centro da Senhora da Hora para assaltar o moedeiro de uma estação do Metro – reparem na grandeza do plano de ataque: assaltar moedas! Como as pessoas passam a vida nas redes sociais e a televisão já não transmite formigueiro a partir das duas da manhã, o barulho que os gatunos fizeram não passou despercebido. As autoridades foram alertadas e, rapidamente chegaram ao local. Teve início uma perseguição automóvel (tal como nos filmes) que acabou em despiste para o grupo de malfeitores. Com a aproximação dos agentes da autoridade – e para evitar a detenção – resolveram recorrer ao mais moderno equipamento bélico para dissuadir polícias: pedras!

Para por um fim a esta sequência de “toca e foge”, enquanto decorria a chuva de calhaus, um agente da autoridade efectuou um disparo (com arma verdadeira). Desconheço para que parte do corpo fez pontaria, mas o destino da bala foi… a nádega direita do assaltante! Depois disto – e perante tamanho choque com a realidade – interrompeu o arremesso das pedras e ficou deitado, no campo de cultivo, a aguardar (com dores) a chegada das equipas de socorro. Foi transportado para o Hospital Pedro Hispano. Estava consciente e foi considerado “ferido ligeiro”! Deixo um pequeno, mas importante aviso aos que pensam dedicar esforços ao mundo do crime e, quem sabe, protagonizar a sequela deste assalto: sujeitar e vulgarizar o rabo por um punhado de moedas, é coisa para estragar a reputação a qualquer criminoso. É ter isso em conta…
 

2022/02/07

O ESTADO DA NAÇÃO

Os habitantes de Terras Tugas são conhecidos pela hospitalidade e capacidade de mobilização para ajudar alguém em apuros. As pessoas emocionam-se e, de coração aberto, abrem os cordões à bolsa para contribuir conforme podem. Acreditam cegamente nas intenções e oferecem sem fazer perguntas. Tanta ingenuidade tem vindo a captar as atenções dos que recorrem a esquemas para extorquir dinheiro. Os «vigaristas plenus» conseguem inventar desculpas para que os «parolos maximus» dispensem o dinheirinho que tanto custou a ganhar! A fraca (ou nenhuma) resposta das autoridades ajuda a que mais vigaristas apareçam. Porque resulta! E vergonha… parece ser apenas um adjectivo! Como tal, confesso que foi sem qualquer espanto que recebi a notícia (publicada na revista Visão) que mais de meio milhão de euros foi desviado do fundo de ajuda às vítimas de Pedrogão Grande. Há enorme indignação porque foram reconstruídas casas devolutas (que não foram afectadas pelo incêndio) e até – pasmem-se – ruínas! Recorrendo a esquemas manhosos (com ajuda de gralhas nos requisitos da instituição responsável), sete casinhas ficaram impecáveis… e de graça! Enquanto as verdadeiras vítimas assistiram impotentes a tudo isto…

Graças a uma investigação jornalística – melhor informada que as próprias autoridades – muita gente ficou nervosa e em sobressalto. Contudo, este sentimento de culpa vai desvanecer nos próximos dias. O estado da nação não permite que alguém, capaz dum esquema destes, seja condenado ou preso. Aliás, a cadeia serve apenas para os criminosos mais rascas da sociedade. Cometeram crimes sem imaginação ou valor significativo e foram castigados por isso. Fosse o crime grandioso e a conversa seria outra! Basta ver os nomes importantes que (ainda) estão em lista de espera… Há muitas outras situações em que o “chico-espertismo” se sobrepõe às leis. Inclusive, o exemplo vem dos próprios deputados e respectivas maroscas com a morada de residência para conseguir mais uns trocos com ajudas de custo. Compreende-se, o salário deles é baixo! Sabemos que há pessoas a morar em casas camarárias (com um aluguer simbólico) quando o parque automóvel está repleto de viaturas de gama média-alta. Podia continuar com mais situações, mas penso que já perceberam que tudo se resume a uma frase: anda meio mundo a enganar a outra metade. Ou pelo evoluir dos tempos, em breve, não haverá ninguém para enganar…
 

2022/02/03

O DESPERTAR DOS EGOS

Certamente que a ilustre pessoa que está a ler esta crónica já se viu envolvida num evento que tinha tudo para correr bem mas, por alguma razão, revelou-se o oposto do que deveria ter sido. Se nunca passou por isto fica o alerta: é aguardar! Uma agência imobiliária resolveu convidar alguns dos delegados comerciais para uma reunião informal de trabalho. Fortalecer a amizade entre colaboradores, partilhar experiências laborais e, porque não, descobrir alguns truques para melhorar a quota de vendas. Serão vespertino abrilhantado com música ao vivo e petiscos. As pessoas chegaram a conta-gotas. Os mais tímidos resguardaram-se num canto do edifício em busca de caras familiares. Naquele espaço todos representam a mesma função: vender imóveis. Imbuídos no espírito de celebração e bem-dispostos tomaram os seus lugares. O director da Zona Norte saudou os presentes e, numa apresentação improvisada, convidou alguns delegados a partilhar os hábitos, tácticas de venda e segredos! Com recurso a relatos verídicos, falsa modéstia e demasiado exagero estatístico, o principal delegado abriu as hostes. O despertar dos egos não demorou...

Em poucos minutos todos queriam explicar proezas e números! E, nesta situação, surge sempre um Tuga que ignora o tempo disponível. Monopoliza o dele e, como se não bastasse, ainda interrompe os demais colegas para entrar em debates ideológicos fúteis. É neste ponto que o evento começa a correr mal. A conversa resume-se ao convencido e aos que querem dar nas vistas. O relógio parece ter parado para os restantes. Recusam intervir na reunião. Verificam-se abandonos prematuros e promessas de não regressar no próximo ano! Porque há coisas marcadas para esse dia. Mesmo que (ainda) não se saiba qual é…
 

2022/02/02

SENTIDO, DIRECTION

É conhecido o fascínio das crianças pelos veículos amarelos que se deslocam sobre carris e atravessam a malha urbana da área metropolitana do Porto. Confesso que não imaginava que tivesse o mesmo efeito nos adultos com aspirações governamentais! Existe, de facto, uma enorme atracção política pelo Metro do Porto. No passado foram conquistadas vitórias eleitorais com este transporte público. É pouco relevante se as promessas foram cumpridas. Serviu os propósitos: eleger alguém durante quatro anos. Depois, logo se vê! Assim vai a honestidade politiqueira Tuga! O governo anunciou com pompa e circunstância – numa cerimónia que não olhou a despesas – a expansão da rede em cerca de seis quilómetros. Esperavam mais?! Vá lá, não sejam ingratos! Apesar da campanha eleitoral (para as autárquicas) não ter começado, os candidatos – que já se deram a conhecer – desdobram-se em acções de manifesto e indignação pela exclusão. Matosinhos é um dos concelhos que mais barulho tem feito. Não faltam sugestões de locais! E é neste ponto, caros leitores, que fico um pouco confuso com a atitude e vontade das pessoas e pelas intenções dos que vão participar nas eleições! Mas então, já gostam do Metro?!

Onde estão as vozes dos que queriam a Rua Brito Capelo devolvida aos peões? Onde estão as vozes dos que criticam o traçado, velocidade e respectivo acumular do trânsito automóvel? Onde estão as vozes dos que se queixam da falta de manutenção e viagens suprimidas? Onde estão as vozes dos que reclamam da insegurança e vandalismo? Calaram-se? Assisti à degradação social e económica de Matosinhos (minha terra Natal) nos últimos dez anos. A famigerada crise, que fez acentuar as dificuldades económicas, obrigou a empresa a reduzir despesas de operação e fiscalização. A mesma crise que criou uma nova classe social que cria putos ranhosos para viver de subsídios e insiste em andar de graça. A tão desejada mobilidade, aliada à falta de educação e escrúpulos, tem vindo a mudar o panorama desta cidade (e acreditem, eu percebo alguma coisa de transportar “mitras”). O desaparecimento misterioso das forças de autoridade também não ajuda. Em pleno reinado anárquico tudo é permitido! As peripécias sucedem-se. Não há lojas de referência nas principais artérias comerciais. O estacionamento é caótico. E tanto mais há por dizer e, acima de tudo, resolver. Porém, nesta altura do campeonato, os que competem, querem discutir o que não merece discussão...
 

2022/02/01

QUO VADIS, MATOSINHOS?

Desenganem-se os que pensam que quero abordar a temática religiosa desta expressão latina que significa “para onde vais”. A nossa cronologia tem revelado uma terrível desavença entre o humor e religião. A minha atenção está vocacionada para outro tema problemático e deveras importante para esta belíssima cidade de horizonte e mar: a política! Nas eleições autárquicas de 2017, todos os Matosinhenses foram chamados a exercer o seu direito de voto, sendo ele consciente ou não. Alguns, mais cépticos, encontraram pretextos para não aparecer e contribuir para uma vitória esmagadora da abstenção. É a ironia dos Tugas: celebrar a queda do fascismo, festejar a conquista do direito ao voto e, depois, desprezar tudo isso. É o que temos… A situação económica, social, financeira – ou outra qualquer que queiram ver aqui escarrapachada – não é das mais aconselhadas em Matosinhos. Há dificuldades e falta de verbas, sabemos disso. E, como tal, a herança política é bastante pesada para quem for escolhido a tomar as rédeas do concelho. Um presente envenenado e mesmo assim – num tremendo acto fulminante de coragem e destreza – surgiram candidatos, candidaturas e manobras de bastidores infelizes. Deixo os pormenores sórdidos para os especialistas na matéria. Eu, seguramente, não o sou!

Considerando a óptica de cidadão eleitor posso afirmar que, tendo em conta o actual panorama, estou tentado a não sair do sofá no dia das eleições. Lamento profundamente as traições, divisões e falta de ética de alguns intervenientes, independentemente das suas cores partidárias. As forças de campanha teimaram em desenvolver todos os esforços (possíveis e impossíveis) para conseguir angariar mais um voto. Até porque, tendo em conta o nível de envelhecimento do povo matosinhense, daqui a quatro anos muitos deles já não estarão cá para votar. É aproveitar agora! Na qualidade de “filho da liberdade” (porque nasci depois de Abril ’74) vou aguardar, com expectativa, a entrega dos galhardetes, sacas de plástico, aventais, canetas e demais bugigangas chinesas. Depois, logo se vê…
 

2022/01/28

A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Nos últimos dias fui atacado por um sentimento nostálgico. A minha memória resolveu abrir a gaveta das recordações e trouxe-me imagens dos serviços noticiosos televisivos de 1991 (a bem dizer, só havia um!). O mundo assistiu estupefacto à Guerra no Golfo. Metade das pessoas nunca tinha ouvido falar no Kuwait e, pela primeira vez, tiveram a possibilidade de assistir a uma guerra em directo! Sim, muitos podem criticar que o cenário era sempre o mesmo e que os mísseis eram disparados sempre no mesmo sentido mas, naquela altura, todos queriam saber os relatos do repórter – algures no deserto da Arábia Saudita – Artur Albarran! Os anos passaram. O jornalismo e as mentalidades modificaram-se. Actualmente há mais probabilidades de assistir a directos televisivos que a filmes ou a telenovelas! Até parece que virou moda! Qualquer acontecimento (ou fofoquice) tem direito a emissão especial, com duas pessoas no local: uma a segurar a câmara de filmar, a outra com um microfone a relatar o que se passa! Mesmo que, por vezes, dê a ligeira sensação de não saber o que está lá a fazer…

A incessante demanda pela verdade e informação implica encontrar revelações bombásticas e em primeira mão. E, como tal, alguns canais de televisão massacram (literalmente) todos os que encontram pela frente, com perguntas descabidas e sem qualquer fundamento. Tudo na emoção do momento e com o objectivo de tentar escalpelizar uma notícia que já deixou de o ser. Com esta ideia em mente – e sabendo que demasiada informação revela trapalhadas e falhas institucionais – comecei a visualizar os sucessivos briefing’s (que chique em estrangeiro!) da nossa Protecção Civil. Estes encontros informativos, com a imprensa nacional para dar conhecimento do que se passa no “teatro de operações”, segue o mesmo princípio da guerra em directo… há 27 anos atrás! Os espectadores ficam agarrados ao ecrã para saber o que se passa com os incêndios! Alguns, de tão perto que estavam da televisão, ficaram com queimaduras! Dada a duração do directo televisivo já não fazem mais nada! Porque é importante saber se já evacuaram a parvónia com três habitantes e sem estradas de alcatrão; se o agente da polícia (a conduzir uma velhinha Yamaha DT) conseguiu avisar todos os habitantes (os três) e se o Ti Manel (que nem médico de família tem) viu passar algum bombeiro!

Em 2017, o nosso Presidente da República deslocou-se de imediato a Pedrogão Grande. O Primeiro-ministro – para não ser repreendido – fez o mesmo. Juntaram-se mais políticos, no centro operacional, que bombeiros! Este ano, perante uma tragédia florestal grave, os políticos resolveram esperar que tido estivesse resolvido. Os afectos (beijinhos e abraços) às vítimas dos incêndios foram mais comedidos. É bem feito! Alguns até nem foram votar! E não digam que foi por falta de transporte! Andar a pé, mesmo sendo 15 ou mais quilómetros, significa fazer exercício físico e os médicos recomendam! Podia escrever mais sobre este tema, mas entretanto começou um novo directo televisivo e eu quero mesmo saber o que se passa! Como está o incêndio e quantas frentes activas tem; quantos homens e viaturas estão no terreno e se há aviões a despejar água. Segundo dizem, não há dinheiro para espuma ou outros meios mais eficazes! Daqui a pouco, vou ouvir especialistas a dissertar sobre o que deve ser corrigido. Não vou conseguir escutar todos… porra, são tantos!
 

2022/01/27

O NOVO COMUNISMO

A tecnologia e inovação fartam-se de criar bugigangas e maquinetas para melhorar a nossa qualidade de vida, conforto e segurança. A indústria automóvel é o grande exemplo deste esforço. Longe vão os tempos em que um carro era construído à mão durante uma semana e de forma anárquica. No entanto, ao consultar a história é possível verificar que não foi assim há tanto tempo! E, ao contrário do século passado – em que nas nossas estradas passava um carro a cada três horas – actualmente arrisco dizer que há mais carros que pessoas! As próprias empresas de crédito permitem acesso fácil ao endividamento. Mesmo que a duração do empréstimo seja maior que a duração do carro! Este consumismo desenfreado afecta a economia nacional e há forças políticas que reprovam tamanho desperdício de dinheiro: os comunistas! O mundo está em constante mudança e já ninguém acredita no mito que envolvia os comunistas e as criancinhas ao pequeno-almoço. Perderam a força de outrora e vão resistindo apenas em alguns países mais teimosos. Por cá conseguiram integrar o governo por via de um acordo entre partidos que conseguiu subverter o sentido de voto dos Tugas. Afinal, quem ganhou as eleições ficou de fora!

Este acordo – a geringonça – verificou-se, de igual modo, em algumas câmaras municipais. Em nome da estabilidade democrática, membros do partido comunista aceitaram abdicar dos seus princípios e estatutos para servir de muleta governativa e, desta forma, conseguir emprego durante quatro anos. Que fique claro: nada me move contra os apoiantes desta ideologia política! Os ideais adaptam-se às novas necessidades. Já é possível encontrar Coca-Cola e McDonald’s na Rússia! Os Chineses, que tanto defendem as suas marcas nacionais, começam a comprar viaturas germânicas quando chegam à Europa. E, como tal, não me admira que alguns deputados, vereadores e outros eleitos pelo partido comunista – que educa os seus membros e orienta a sua actividade no espírito da fidelidade à causa da classe operária, dos trabalhadores e do povo português e à defesa dos interesses nacionais – se sintam na necessidade de adquirir (pago pelos nossos impostos) viaturas topo de gama de valor superior a 65.000,00 euros. Avante, camaradas! Porque, certamente, ninguém está à espera de um acto revolucionário para ter o prazer de conduzir a tecnologia patente num “Lada”, “Zastava Koral” ou “Moskvitch 412”. É preciso não esmorecer e continuar a lutar contra a exploração e opressão capitalista! Mas, com as devidas condições.
 

2022/01/26

ESPERANÇA E COTOVELITE

A revolução cultural causada com o aparecimento da televisão foi totalmente ultrapassada com as novas tecnologias. O acesso fácil à Internet e redes sociais são o chamariz perfeito para partilha de informação, projecto ou talento mais escondido. Os Tugas soltaram as amarras e – tal como nos Descobrimentos – partiram nas caravelas “YouTube” e “Facebook” à conquista do mundo virtual. As benesses da tecnologia informática inexistentes no século passado (Eça de Queirós, Florbela Espanca e outros não tinham Facebook ou blogues) permitiram renovar a esperança da realização dos sonhos. Escritores, cantores, bailarinos e outros têm uma panóplia de ferramentas e oportunidades nunca vistas. Sem nada a perder – e com elevada dose de ingenuidade – começaram a divulgar os seus trabalhos nas redes sociais. Confesso que entrei neste barco em 2013, de olhos fechados, cheio de esperança, rumo ao incerto… Se alguns desistiram, outros cederam ao canto das primeiras sereias: as que prometeram ajudar. Escutando apenas o coração alinharam no jogo mesmo sabendo que os dados estão viciados. Porque nada consegue suplantar a alegria e júbilo de ter, na nossa mão, o tão desejado livro ou álbum musical em nome próprio! Quase como um propósito da nossa existência. A (falsa) sensação de imortalidade! O desejo de reconhecimento e divulgação ficam em modo histérico! Surge a vontade de estar em todo o lado para se dar a conhecer. Contudo, no meio de tanta destreza, vai-se ganhando consciência das dificuldades, da solidão, da falta de apoio e que o mercado está repleto de “novos artistas”. Arrisco a dizer – num choque abrupto com a realidade – mais oferta que procura. E, de repente, estamos à deriva…

Mas há aqueles que conseguiram vencer o Adamastor e chegaram, com sucesso, a bom-porto. Aqueles que conseguiram atingir o sucesso e, fruto disso, continuam a esgotar salas de espectáculo sabendo que todos os trabalhos (bons ou maus) que venham a desenvolver à posterior serão bem aceites. Importa dizer que estão inseridos numa comunidade fechada que não gosta de forasteiros. Os media dão cobertura sempre os mesmos… Esta “Geração Facebook” mede o sucesso em termos de “gostos” e número de seguidores. Quando a “coisa” corre mal não há qualquer problema em comprar alguns seguidores virtuais. Essa opção existe! Não há uma fórmula escrita para o sucesso. Por vezes é fruto de uma mera coincidência ou obra do acaso. É algo alheio à vontade e esforço do autor. A editora, os amigos e outros utilizadores deste software do Demónio, têm um papel importante na partilha e recomendação. Aliás, como amigos, devem estar presentes e apoiar incondicionalmente. Porém, entre agendas preenchidas e demasiada “cotovelite” ganham as cadeiras vazias. Caro leitor, tendo em conta tudo o que escrevi e tendo feito uma profunda análise da minha odisseia literária, que teve início em 2014, posso afirmar que ainda não consegui vencer o Adamastor…
 

2022/01/25

ESTRANHA FORMA DE VIDA

Rosto marcado pelo cansaço de uma vida árdua, cabelo branco curto com bigode farfalhudo da mesma cor e com uma simples camisa de ganga há muito zangada com o ferro de engomar. É assim que Dionísio surge no ecrã, durante o serviço noticioso do “Correio da Manhã”, para explicar como outra pessoa levou uma facada por ele… No final de jantar – para fazer a digestão – deslocou-se à garagem. Foi quando avistou o Almerindo da Silva. De imediato começaram a trocar insultos! Uma pequena nota de introdução: decorre um processo judicial, entre eles, pois não é a primeira vez que “esta pessoa” o assassina! Segundo o entrevistado, o juiz não avançou com a condenação por falta de “alimentos legais”. Porque o magistrado não tem dúvidas quanto às intenções maléficas por parte do arguido que, num gesto de provocação, insiste em abrir e fechar brutalmente as persianas às 5 e 6 da manhã. Até usou aquele ditado do cântaro que vai à fonte. Por coincidência, o malvado, adoeceu no próprio dia do julgamento...

Enquanto decorria a sessão de insultos gratuitos, entre os dois, um vizinho (a garagem é muito agitada!) resolveu intervir para acalmar e impedir que perdessem a cabeça. Tal gesto heróico valeu-lhe uma facada! O Dionísio não sabe se foi uma, duas ou três. Confirma que – o outro – ficou a escorrer sangue de um ataque que tinha o seu nome escrito. Apresentou queixa na polícia! Esteve toda a manhã na esquadra e recebeu um papel que, ainda hoje, não tem coragem de ler… Uma zanga sem motivo; um herói ocasional mal tratado; uma agressão bárbara por alguém que tem idade para ter juízo. No entanto, a simplicidade, ignorância e casmurrice, de toda a história, é reveladora de um país que tem (ainda) um enorme défice cultural…
 

2022/01/24

A FOBIA NA LOJA DO SHOPPING

Deambular nos vastos corredores de uma loja de vestuário de um shopping pode ser poesia em movimento. Mas, infelizmente passear nem sempre corre conforme o planeado E, às vezes, pode ser muito complicado... Confesso que ainda hoje (quando recordo esta aventura) tenho arrepios! Para os que estão próximos, ou fazem expedições aos shopping’s mais conceituados, a visita à loja da Primark é obrigatória. Quase como os Muçulmanos e a visita a Meca. Tem de acontecer, pelo menos uma vez na vida! As dificuldades começaram logo à entrada! Com tanta gente a sair da loja senti que, por cada passo que dava em frente, recuava três! Fartei-me de cruzar com o segurança na entrada e acho que até ele começou a duvidar das minhas intenções. Lá consegui atravessar aquele mar de gente para, dentro da loja, encontrar mais pessoas por metro quadrado que na Índia! Desejei ter um pão ou bolachas para deixar um rasto de migalhas. Mesmo assim, orientado pela minha esposa, segui viagem continuando a minha investida rumo ao interior da loja. De facto, compreende-se a elevada afluência de clientes e malta que, por arrasto, os acompanha. Os preços estão em sintonia com a quantidade de dinheiro das carteiras Tugas!

Enquanto procurava na secção de jeans para homem – e de ter chegado à conclusão que é necessário um curso académico para comprar um par de calças – olhei em redor e, num ápice, reparei que estava sozinho! A minha mente deixou de se preocupar com as palavras slim, chino, fit e outras parecidas, para se focar na terrível angústia de ficar preso por ali! Alheios ao meu sentimento de pânico, os restantes transeuntes continuavam a circular a alta velocidade, fazendo mesmo lembrar as imagens de Nova Deli, nos documentários! Será que alguém daria pela minha falta?! Ou teria de esperar pelo encerramento da loja para conseguir encontrar o caminho de regresso?! Num escasso e raro momento de lucidez – e abençoando as novas tecnologias – retirei o telemóvel do bolso para, num gesto de desespero – como se a minha vida dependesse disso – telefonar à minha esposa. Assustado, consegui articular (com alguma dificuldade) uma espécie de pedido de ajuda. Tenho de agradecer o rápido auxílio. Afinal, a minha heroína chegou depressa do corredor ao lado…
 

2022/01/20

O MUNDO AO CONTRÁRIO

Segundo os cálculos científicos, já atingi metade da esperança média de vida. Fazendo as contas – e se tudo correr bem – restam ainda quatro décadas. O que, de facto, é uma óptima notícia para o meu gestor bancário e crédito habitação. Sim, quando estiver velho e caquético, vou poder dizer (se me lembrar, claro!) que sou um orgulhoso proprietário de uma casinha! Até lá, tenho uma parceria com uma tal de dona hipoteca, que nunca vi, mas está sempre presente! Quem casa, quer casa. Um dos ensinamentos que atravessou gerações. Contudo, os últimos tempos registaram mudanças comportamentais a um ritmo alucinante! As gerações mais velhas, que sempre foram consideradas fonte de sabedoria, são as principais vítimas. Hoje, uma conversa entre avós e netos é tão disfuncional que até pode ser em japonês! Não se entendem! Há um tremendo fosso de conhecimento entre eles. A infância dos mais velhos foi ao ar livre, com jogos tradicionais e brinquedos improvisados e todos eram amigos. Mesmo que uma qualquer discussão fosse resolvida a murro. No final da tarde, estavam todos (mesmo o que ficou com um olho negro) a planear o dia seguinte!

Actualmente, nada é feito sem a presença de um tablet ou telemóvel de última geração com recurso ilimitado às redes sociais. Os anciões, e seus conselhos válidos, estão desactualizados (alguns ainda se assustam quando descobrem que se utiliza um rato para mexer no computador. Ficou esperto o fuinha…). Compete aos jovens (os principais beneficiários desta actualização instantânea e mudança de valores) ter em conta a reintegração dos idosos na sociedade. Explicar-lhes que a democracia tem outros contornos e que, nestes tempos modernos, as leis são impostas pelas minorias. Haja quem explique à Ti Maria que a sua miserável reforma (calculada por uma forma aritmética indecifrável) pode desaparecer num rápido assalto. E que o meliante tem melhores armas que a polícia. Digam também ao Ti Manel, um mulherengo assumido – com várias conquistas amorosas no curriculum – que já não pode mandar piropos, ou comentar em voz alta os atributos das senhoras. Corre o risco de levar com uma manifestação à porta do centro de dia e ainda, uma multa bem pesada pelas autoridades. Coitado, com o que recebe de reforma, ficava sem comer sopa durante quinze dias...
 

2022/01/19

A CULPA É DA EMEF

A nossa cultura incide no momento. Os Tugas preferem as soluções imediatas de desenrasque do que planear atempadamente seja o que for. Se correr mal – e vai, de certeza – será mais fácil justificar a incompetência com razões misteriosas do oculto ou simples falta de sorte. A maioria dos órgãos de comunicação social contribuem para esta cultura. À excepção da crise do Sporting ou qualquer amuo do Cristiano Ronaldo (como se ele tivesse razões para estar amuado!) todos os assuntos ou notícias são espremidos, em directo, durante um dia inteiro. Depois disso, cai no esquecimento. As greves são um exemplo fantástico! Emissões com directos constantes com intervenções das partes em conflito. (Se bem que usar a palavra conflito não faz muito sentido porque, no final, todos ganham e ninguém percebe como calcularam as percentagens.) No dia seguinte, todos voltam à rotina diária sem qualquer consequência prática. Todas as greves que presenciei provaram ter este efeito. O dia da greve causa atrasos, transtornos aos mais distraídos e menos prevenidos financeiramente e mais coisas que se possam lembrar. Já o dia seguinte chega pleno de normalidade sem que alguém se recorde o motivo da greve. Afinal, conforme diz o povo, são sempre os mesmos às turras!

Contudo, a última greve nos transportes públicos foi diferente! A EMEF (Empresa Manutenção Equipamento Ferroviário) – desconhecida pela maior parte dos utentes do Metro do Porto – é considerada a grande responsável pela alteração de horários e frequências dos veículos da rede da operadora. O caricato é que a greve terminou há cerca de um mês! Mesmo assim, diariamente, os painéis de informação das estações fazem questão de passar a informação que, basicamente, a culpa é da EMEF. Desta vez, ninguém pode dizer que tudo ficou na mesma! Os utentes (mesmo os que não pagam bilhete) queixam-se da falta de veículos, condições e horários. No entanto, sem alternativa, habituaram-se a aceitar esta nova realidade. Ninguém sabe por quanto tempo. Isso implica uma resposta do governo e, como sabem, os senhores ministros estão ocupados com outras coisas. Até lá, está resolvido: os utentes sabem quem devem culpar! E, mesmo que, contrariamente às previsões meteorológicas, amanhã chova… a culpa é da EMEF!
 

2022/01/18

UM PONTAPÉ NAS BOLAS

É um tema muito complicado para abordar. O futebol é o único assunto que consegue provocar discussões, destruir amizades e, por vezes, partir alguns ossos aos Tugas. As mentalidades evoluíram, mas continua a ser mais fácil perdoar a um qualquer político que rouba em proveito próprio que a um árbitro que não marcou um penalty ou invalidou um golo. Toda esta paixão exacerbada transformou os clubes em empresas e temos, actualmente, toda uma panóplia de pessoas que se alimentam dos adeptos e sua disponibilidade para gastar dinheiro. Em nome do clube, claro! Ser Tuga e não gostar (ou não perceber a arte da bola) é como uma criança que não gosta de gelados ou até de hambúrgueres nas lojas de fast-food que todos conhecemos. Se tal acontecer, é porque algo não está bem! É levar o puto ao médico quanto antes. O mundo da redondinha é bem mais aliciante que o mundo dos estudos. E, claro, os salários também. Mesmo que não se tenha jeito para correr, fintar ou dar pontapés nas bolas há outras alternativas. Curso de treinador, director desportivo ou, quem sabe, presidente de um clube. Nenhuma destas possibilidades serve? Resta dirigir uma claque desportiva. Antes que descartem esta hipótese, leiam o resto da crónica (vá lá, já que chegaram até aqui) e fiquem a saber o que têm vindo a perder. Tenho de referir que – conforme tem sido meu hábito – os textos não procuram ataques pessoais, mas sim, a ironia patente nas situações abordadas. Que o humor tenha capacidade para “acordar” algumas consciências adormecidas…

O país está uma merda! Sabemos disso. A palavra corrupção tomou conta dos serviços noticiosos e, neste momento, quem não tem “cunhas” ou “favores a pedir” é considerado um grande otário! E a reputação do lado negro é proporcional ao valor “metido ao bolso”. Há perdões de dívidas milionários para o Ricardo Salgado enquanto para a Tia Micas – que não pagou uns míseros trocos – vai uma nota judicial com arresto de bens e ameaça de cadeia. Porque é importante tratar sem clemência os que mais lesaram o Estado Português: os que roubam alguns cêntimos! Este sentimento de inércia e marasmo permitiu-me assistir, impávido e sereno, à chegada do líder de uma conhecida claque desportiva para a sua última sessão judicial no Tribunal. Fez jus ao estatuto de estrela de cinema (atribuído pela comunicação social) e conseguiu surpreender por se ter feito deslocar numa viatura “Lamborghini”, cujo valor ascende aos trezentos mil euros. Certamente, muitos já encaram com bons olhos a possibilidade de seguir carreira política numa claque desportiva em vez de pagar propinas e sofrer todas as dificuldades do sistema de ensino público. Nas palavras imortais do antigo seleccionador nacional Luíz Filipe Scolari: “E o burro, sou eu?”. A resposta é simples: sou, sim senhor!
 

2022/01/17

O PODER DA SUPERNANNY

Duas emissões semanais de um programa televisivo foram suficientes para agitar as águas no Ministério Público e obrigar o canal televisivo “Sic” a interromper a exibição do terceiro programa. O que prova que o nosso sistema jurídico, quando quer, até sabe como trabalhar devidamente! A pergunta impõe-se: que programa é este que causou tanta polémica? Recorrendo a uma das mais úteis invenções tecnológicas dos últimos tempos – a box com gravações automáticas – tive oportunidade de assistir ao primeiro episódio. Uma mãe em apuros com a sua própria filha. Birras, ausência de autoridade, recusa em tomar banho, etc. Depois de ouvir este grito desesperado por ajuda, eis que a Supernanny entra em cena! Teresa Paula Marques. Uma figura feminina, autoritária e vestida como um ministro do Parlamento, entra em casa para presenciar as atitudes maléficas do pobre petiz. Depois de observar e registar os actos demoníacos – que têm levado a mãe e avó à loucura – a super-ama (em português) apresenta as soluções enquanto passa um atestado de incompetência às adultas lá de casa. Em pouco tempo (porque o programa televisivo é curto e a maior parte foi preenchida com o lado negro da criança) as soluções provam-se eficazes e a miúda nem parece a mesma! Eureka! Sucesso! O poder da Supernanny salvou o dia! Acabou a rebeldia!

É claro que se pode discutir a questão da privacidade da criança, da exposição mediática e até, a questão de tudo isto ter sido feito por dinheiro. Sabemos que a busca por audiências implica, cada vez mais, programas mais chocantes e de baixo nível. Por Terras Tugas há ainda muita gente que não tem noção deste oportunismo por uma qualquer produtora. Razão pela qual os outros pais solicitaram o cancelamento das restantes emissões… depois de terem aceitado gravar. Perdi quarenta minutos a assistir a um programa – que usa o mesmo formato que aquele do cozinheiro que anda pelas cozinhas imundas e deixa tudo a funcionar de maneira brilhante – e veio-me à memória um fantástico filme: O Exorcista. Estreou em 1974 e relata as peripécias de um padre que entra numa casa para combater uma criança endiabrada. A seu lado uma mãe desesperada. As semelhanças são evidentes. Contudo, no filme era um demónio terrível, quarenta anos depois é apenas a educação. Ou a falta dela!
 

2022/01/14

GERAÇÃO FACEBOOK

Tenho de perguntar, caro leitor, sabe quem eu sou? Aquilo que faço? A minha história de vida é digna do seu “gosto” na minha página? Não utiliza o Facebook? Eu tenho o Instagram! Porque – e caso não tenha ainda reparado – tudo se resume à nossa prestação nas redes sociais. Porque o nosso estatuto (status quo) é medido pelo número de amigos ou gostos na nossa página. Mesmo que não se conheça aquela gente de lado nenhum. Estão lá, como numa montra, e é tudo o que importa! Talvez por isso alguns utilizadores usam as amizades como uma qualquer aplicação: instalam e removem conforme sua vontade… ou quando elas incomodam. Os nossos comportamentos mudaram radicalmente! Urge estar sempre ligado. Sair de casa sem o telemóvel (ou tablet) é mais grave que ter esquecido vestir as cuecas. Não tirar a foto à comida é bem mais grave que esquecer dar graças pela refeição. Certamente já pensou noutros exemplos que retractam a nossa mudança de atitude social. Tudo é publicado em busca da notoriedade e fama instantânea. Todos devem saber onde estive, quem me acompanhou e o que lá fui fazer. Quero que inundem a minha página de “likes” para eu ter a certeza que vocês viram e ficaram roídos de inveja!

Porque as redes sociais são o jornal diário. É necessária audiência e muitos seguidores. Mesmo que tamanha abertura seja sinónimo de ridículo, desespero e falta de noção do perigo que é partilhar informação pessoal com estranhos! Nada se faz sem este software do Diabo. Qualquer motivo serve para aceder às últimas publicações, tendências e discussões. É incrível a força demonstrada, pelas redes sociais, no que se refere à movimentação das massas para assuntos medianos, absurdos e sem qualquer importância! Comentários e mais comentários. Mas só isso! Não esperem mais nada da participação cívica Tuga. Tenho esperança que esta fase (ou dependência) passe e que volte a ser possível tomar um café com amigos que consigam conversar e estabelecer contacto visual (em vez de estar constantemente a olhar para os ecrãs). Enquanto esse dia não chega vou espreitar o meu mural – para saber quantos leram este texto – e aproveito para verificar se faço parte dos que se vestiram à pressa… sem cuecas!
 

2022/01/13

ARRUAÇA LITERÁRIA

Caros leitores, resolvi dedicar esta crónica a um tema muito interessante e que tem sido estudado e conversado ao longo dos séculos: a guerra dos sexos. Durante muito tempo o Homem mandou nas mulheres. Desde o ritual de acasalamento da pré-história – uma paulada na cabeça e arrastá-la pelos cabelos – até aos tempos mais modernos em que o romance se prolonga durante o namoro e vai-se aguentando até ao casamento. Infelizmente há casos em que o romance acontece várias vezes com o mesmo protagonista… Porque a fama do amante latino é sobejamente conhecida pelo mundo fora. As inglesas deliciam-se nas visitas aos locais mais “calientes” da noite algarvia (e não só). E, claro, com tanta procura os Tugas, mais efusivos, dão largas aos seus dotes de sedução. Conhecendo as nossas características naturais – e tendo como referência Zézé Camarinha – confesso não perceber como conseguem tantos engates. Será verídico ou apenas uma forma de expressão gabarolas?! Deixo-vos um dilema:

João Astúcio foi viajar de avião. Ficou no lugar do meio entre duas belas senhoras. Durante a viagem, elas adormeceram e uma encostou a cabeça em seu ombro. Tirando partido do seu machismo resolveu tirar uma fotografia e partilhar nas redes sociais fazendo referência à sua nova conquista. «Mais uma mulher que dormiu comigo!». Pergunta: Será que este tipo de aventura conta para a estatística do “dormimos juntos”? Se souber a resposta não hesite! Pode enviar para xor.correia@sapo.pt
 

2022/01/12

TODA A GENTE MENTE

É uma verdade assumida. Concordar ou não, fica ao vosso critério. Faz parte do pacote de Abril. Graças a uma revolução, em nome da democracia e liberdade de expressão, as pessoas conquistaram novos direitos. Reclamar é um deles. E se, alguns utilizam este novo poder com moderação e assertividade, outros pelintras (invadidos por um sentimento de importância extrema) banalizaram este direito conquistado há quatro décadas. Há sempre quem estrague tudo… É sabido que o mercado de trabalho não oferece boas condições. As constantes mudanças no plano educacional também afectaram as aspirações dos jovens. Serve o 9º ano (incompleto) ou um desses cursos profissionais tirados à pressa. Esta nova classe social – motivada pela crise, excesso de subsídios e falta de valores – aumenta a cada dia! É preocupante, acreditem! Não se pode fechar os olhos a esta realidade! Eles andam por aí, em grupo (matilha, bando ou como queiram chamar) a tentar queimar o tempo livre que deveria ser ocupado a trabalhar! Objectivo de vida: engravidar a mulher e esperar, nos cafés, a vinda do carteiro para ver se chega mais um cheque de um qualquer subsídio.

Adoram utilizar os transportes públicos. Principalmente os que são de borla por falta de meios de fiscalização (e lei que protege o infractor). Estes sacos de brita julgam-se no direito de reclamar como um cliente regular que cumpre as obrigações! Fruto de uma sociedade que se tornou demasiado tolerante com as minorias e fustigados da vida (vadios) julgam-se no direito de demonstrar toda a falsa modéstia e falta de educação. A passividade dos utilizadores e ausência de autoridade é algo que me assusta. O que aconteceu à nossa coragem?! Como pode uma minoria (malformada) impor a sua vontade à maioria?! A reclamação é uma ferramenta poderosa que pretende defender quem se julga ofendido. O bom senso também! Muitas vezes, assumir o nosso erro ou distracção é um pequeno (grande) passo para terminar uma discussão ou actos mais violentos. E se, mesmo assim, optarem por seguir com a reclamação gratuita e fortuita tenham em atenção a verdade dos factos. Felizmente há o contraditório. Porque toda a gente mente…
 

2022/01/10

A HERANÇA DO PALITO

Era inevitável abordar este tema. Um acto maquiavélico fez disparar a popularidade de um simples indivíduo que ninguém conseguiu encontrar! Excluindo os dias em que houve jogos de futebol – com casos de arbitragem – o tema das conversas foi, sem dúvida, a saga que envolveu Pedro Dias e as forças policiais. Várias semanas de inércia e especulação medíocre, por parte de alguns meios de comunicação, perante a falta de notícias. Quase como uma repetição da fuga de Manuel Baltazar (Palito). Segui atentamente a sequência frenética de disparates e falta de coordenação de meios. A perseguição transformou-se em caça e, mesmo assim, a presa (sem recursos) conseguiu escapar ilesa! Algo que não favorece a imagem e reputação das entidades envolvidas. Muitas asneiras foram ditas e publicadas. O homem parecia uma personagem bíblica com o dom da omnipresença! Roubou várias viaturas e nunca saiu de Arouca. Estavam na reserva. São sinais da crise! Podemos presumir que, por lá, não abundam os postos de combustível nem dinheiro. Talvez se tivesse levado um tractor… o gasóleo agrícola sai mais em conta!

Não podemos esquecer o taberneiro espanhol que resolveu dar o alerta com duas semanas de atraso. Foi impossível apurar a veracidade das declarações pois o sistema de vigilância da taberna já não tinha as imagens. O arquivo é pequeno e os seus olhos vêem a dobrar! Conseguiu publicidade gratuita e, certamente, as equipas de reportagem (já que estavam por lá) aproveitaram para fazer alguma despesa. A verdade dos factos sofreu alterações à medida que os dias passaram. Razão pela qual resolvi esperar para escrever acerca deste tema. Num acto de heroísmo – rivalizando com as eleições americanas e vitória inesperada do Donald Trump – a televisão pública foi convidada a registar o momento da entrega do fugitivo. Com melhor aspecto, que há um mês, provou que as medidas de austeridade do anterior Governo estavam certas. Afinal, é possível sobreviver com 60 euros mensais! A alimentação à base de frutos secos, kiwis e meio frango (a proteína) promete fazer as delícias dos melhores restaurantes nacionais. Façam já a reserva!

Entregou-se. Cansado de esperar que o encontrassem. Está bem representado judicialmente e tem protecção das mais altas patentes. Os advogados, com as suas estratégias de defesa e malabarismos, invocaram o segredo de justiça e pronto: silêncio! Quanto aos devotos seguidores diários deste (quase) “reality show”, lamento profundamente ter de vos informar: o povo não precisa de saber mais nada!