2022/01/19

A CULPA É DA EMEF

A nossa cultura incide no momento. Os Tugas preferem as soluções imediatas de desenrasque do que planear atempadamente seja o que for. Se correr mal – e vai, de certeza – será mais fácil justificar a incompetência com razões misteriosas do oculto ou simples falta de sorte. A maioria dos órgãos de comunicação social contribuem para esta cultura. À excepção da crise do Sporting ou qualquer amuo do Cristiano Ronaldo (como se ele tivesse razões para estar amuado!) todos os assuntos ou notícias são espremidos, em directo, durante um dia inteiro. Depois disso, cai no esquecimento. As greves são um exemplo fantástico! Emissões com directos constantes com intervenções das partes em conflito. (Se bem que usar a palavra conflito não faz muito sentido porque, no final, todos ganham e ninguém percebe como calcularam as percentagens.) No dia seguinte, todos voltam à rotina diária sem qualquer consequência prática. Todas as greves que presenciei provaram ter este efeito. O dia da greve causa atrasos, transtornos aos mais distraídos e menos prevenidos financeiramente e mais coisas que se possam lembrar. Já o dia seguinte chega pleno de normalidade sem que alguém se recorde o motivo da greve. Afinal, conforme diz o povo, são sempre os mesmos às turras!

Contudo, a última greve nos transportes públicos foi diferente! A EMEF (Empresa Manutenção Equipamento Ferroviário) – desconhecida pela maior parte dos utentes do Metro do Porto – é considerada a grande responsável pela alteração de horários e frequências dos veículos da rede da operadora. O caricato é que a greve terminou há cerca de um mês! Mesmo assim, diariamente, os painéis de informação das estações fazem questão de passar a informação que, basicamente, a culpa é da EMEF. Desta vez, ninguém pode dizer que tudo ficou na mesma! Os utentes (mesmo os que não pagam bilhete) queixam-se da falta de veículos, condições e horários. No entanto, sem alternativa, habituaram-se a aceitar esta nova realidade. Ninguém sabe por quanto tempo. Isso implica uma resposta do governo e, como sabem, os senhores ministros estão ocupados com outras coisas. Até lá, está resolvido: os utentes sabem quem devem culpar! E, mesmo que, contrariamente às previsões meteorológicas, amanhã chova… a culpa é da EMEF!
 

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