2016/05/27

A LENDA DO ABUTRE DA MAIA

Durante vários anos – fruto da vontade política dos sucessivos governos – a linha de metro termina na cidade da Maia, junto ao Ismai. Outrora, o comboio serviu as pessoas que se deslocavam até à Trofa. Os locais nunca se conformaram com esta decisão e reclamam, constantemente, pela chegada deste transporte público. Um anúncio governamental, com o intuito de prolongar a linha, reacendeu os ânimos e expectativas. Os mais saudosistas quiseram visitar o antigo traçado da linha de comboio. Actualmente coberto com vegetação bastante densa e algumas árvores. Contudo, o acesso está vedado e monitorizado pelas forças de vigilância privada. Mas, mesmo assim... 

Para afastar os curiosos – que não aceitam o não como resposta – um cidadão local (enquanto aguardava a chegada do metro) explicou a um grupo de pessoas que tamanha segurança estava relacionada com o abutre do Ismai! Uma ave enorme que surge por entre a vegetação para reclamar o sossego da floresta e que detesta forasteiros. Inclusive, condutores do metro quando param as composições no final do serviço. Alguns recusam-se! A linha termina na pequena floresta, porque ninguém ousa enfrentar a fera! Incrédulos, não quiseram arriscar. Dias depois, um jovem foi interceptado pelo vigilante. Estava vestido com um fato de plástico, máscara e chapéu. Tinha um pau na mão. Bastante alterado, gritava que tinha de chegar à floresta para matar o abutre, destruir a lenda para que o metro chegue à Trofa! Tinha de ser! À paulada! Agarrem-me que eu vou-me a ele! Ah, maldito abutre! Um produto da imaginação aventureira humana que se espalhou e que serviu para motivar. Porque é fundamental ter algo em que se acredita. Mesmo que seja uma brincadeira. Ou não.

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