2016/11/07

EM TEMPO DE DESCONTOS

A figura do polícia tornou-se presença indispensável em qualquer programa humorístico. Até nos cafés as conversas ou anedotas envolvem as forças da ordem. Uma atitude desafiadora da sua autoridade! Todos os seus gestos são observados ao pormenor…

Certamente, quando os (poucos) leitores terminarem a leitura, desta crónica, vão julgar conhecer este agente. O estacionamento selvagem, numa das principais artérias da cidade, era uma dor de cabeça constante para o polícia destacado para o local. Os condutores – alheios à sua presença – aproveitavam qualquer distracção para prevaricar. E, se fossem apanhados, lá começava o “choradinho”. Curioso, como os Tugas, nesta situação, passam de heróis destemidos a pedintes gagos.

O agente, envolvido numa luta desigual, prosseguia o seu calvário durante as horas do turno. Demorava mais tempo a ouvir as desculpas esfarrapadas dos condutores do que a preencher a multa. E para quê?! Ninguém paga! Para conseguir sair a horas, mudou a estratégia. Na última hora do serviço não passava multas. Aproximava-se da viatura em infracção e, por lá, permanecia. Olhava em redor. Abria o caderno e segurava na caneta. Tudo isto com a máxima lentidão possível. Para que o proprietário da viatura pudesse chegar (a arfar) junto dele.

Uma palavra mais severa e, por vezes, uma ameaça de reboque mas, no final, com ar magnânimo, deixava-o partir sem qualquer penalização. Desta forma impunha a sua autoridade sem necessidade de prolongar o turno e perder a sua boleia. Porque se o código é para cumprir, os horários de trabalho também são!