2017/04/03

TUDO SE PAGA...


A busca incessante pelo dinheiro dos outros não parece conhecer limites. Em nome da pseudo crise – e de um país em estado moribundo – tudo serve para tentar extorquir os indefesos e oprimidos…

Em Almada, Carla Pereira foi visitar um familiar, internado em traumatologia, no Hospital Garcia Orta. Quando entrou no quarto estranhou o silêncio e o facto de a televisão estar desligada. Não é que a programação nacional seja grande coisa, mas sempre é uma distracção para alguém que está imobilizado numa cama de hospital.

Cheia de boas intenções aproximou-se do aparelho. Para seu espanto, reparou numa caixa metálica preta ligada ao televisor. Ao lado, uma pequena folha com detalhes técnicos e preçário. Sim. Preçário! Um euro para ver 90 minutos de televisão. Dois euros se preferir ver 180 minutos. Caso queira mais tempo, é favor levantar o rabo e colocar mais moedas! Estar acamado não é desculpa!

Tudo se paga! É uma expressão utilizada pelas pessoas mais religiosas. Neste ou no outro mundo. E meus amigos, a crise é tanta que nem a eternidade vai chegar para saldar as dívidas.
 

2017/02/09

ALGO DIFÍCIL DE ENTENDER


Em Valado dos Frades existe um parque empresarial com 34 lotes, uma área de equipamento comercial e de serviços, para apoio logístico às unidades instaladas. Encarado, pela Câmara da Nazaré, como um dos projectos-âncora do desenvolvimento do concelho e criação de emprego. O projecto foi candidato a fundos comunitários. Incumprimentos provocaram a rescisão definitiva da candidatura. Algumas infra-estruturas ficaram por concluir por dificuldades financeiras.

A MDPlastics – única empresa a laborar no parque – efectuou um investimento na ordem dos 10 milhões de euros. Em 2015 iniciou a sua actividade. Desculpem, calvário! Numa conferência de imprensa, a administração informou que se encontra impossibilitada de receber energia eléctrica. Graças a um desentendimento entre a Edp e a autarquia. Segundo o administrador, o problema reside no facto de a Câmara não aceitar entregar, a título de propriedade e posse, as infra-estruturas eléctricas de média tensão, à Edp, para que sejam ligadas à rede pública.

Esta teimosia dura há cerca de onze meses. A empresa recorre a geradores para funcionar mas não consegue tirar partido de toda a capacidade instalada. Os prejuízos directos mensais rondam os 60 mil euros, devido aos custos com equipamento e combustível. Este caso chegou aos tribunais que decidiram contra a autarquia. Ainda assim, Walter Chicharro manteve a posição, o que levou a empresa a intentar um processo de execução coerciva, do qual aguarda sentença.

Tamanhas dificuldades causadas por mentalidades casmurras e retrógradas é algo difícil de entender. O parque empresarial desespera por lotes que não se vendem. Talvez seja fácil entender qual o motivo…