2022/02/11

DIALECTOS DA CARTEIRA

Música. Não é para qualquer um. Mas isso não impede que qualquer um tente realizar um dos sonhos mais pretendidos, ser cantor. Mas, antes de arriscar numa carreira será melhor procurar ajuda dos cantores mais experientes… Em Outubro de 2016, os habitantes de Terras Tugas (que assistiam ao programa do Manuel Luís Goucha) ficaram estupefactos com a actuação da Maria Leal. Nome desconhecido até então. O vídeo da sua actuação tornou-a num fenómeno da Internet, arrecadando mais de três milhões de visualizações no YouTube, em menos de um ano. O mesmo período que fez disparar a venda de aparelhos auditivos…

Dois anos depois, o canal televisivo Sic resolveu emitir um programa sobre a sua ascensão meteórica rumo ao estrelato, passando pela principal fonte de rendimento: o seu marido. Aliás, o foco do programa incide sobre ele. Francisco D’ Eça Leal, nascido vinte anos depois da cantora. Um jovem fragilizado com registos de esquizofrenia e com sérios riscos de ficar paraplégico, depois de se ter atirado de uma janela do Hospital Julio Matos. Herdeiro de uma fortuna avaliada em um milhão de euros viu a cantora entrar na sua vida com promessas de amor eterno com cartões de crédito! Em três anos, este amor tórrido fez desaparecer grande parte da herança. Francisco, que ainda continua oficialmente casado, viu desaparecer o seu grande amor, três imóveis e todo o dinheiro. Vive sozinho, com a ajuda da mãe e da Santa Casa da Misericórdia. O pobre Francisco ainda não tem a noção do que se passou. Parece um viajante do tempo que ainda não se apercebeu em que ano está! Diz acreditar na justiça. A mesma que não consegue intimar a cantora para se apresentar em tribunal por desconhecer o seu paradeiro. Bastava aceder à página do Facebook para descobrir quais as cidades que ela vai infernizar brevemente! A justiça tem limitações, temos de aceitar! Penso que o único interveniente feliz desta história é o dono da loja de artigos chineses, no qual, a cantora gastou mais de 1.500 euros! Penso que, com tanto dinheiro, o homem fechou a loja, rumou à China e reformou-se!

Os dialectos da carteira têm dias assim! O amor platónico pode ser mais curto que uma viagem de táxi. Não há limites para a ganância humana e, mesmo sem qualquer talento ou atributos físicos extraordinários, a sua carreira continua. Tem fãs espalhados por todo o nosso país. Conseguiu mediatismo à custa do oportunismo, falta de escrúpulos e herança choruda. Contudo, nesta parte final da crónica, ainda não decidi se devo culpar a atitude activa da cantora, ou a extrema passividade e ignorância do rapaz! De qualquer forma, a vida continua e um programa de televisão – que dignificou a imagem do Ribeiro Cristóvão – já não tem a capacidade de conseguir parar um país. A indignação é efémera e, certamente, muitos dos que estão a ler já se esqueceram do que viram. Abençoadas redes sociais e programas matinais! Volta Zé Cabra, que estás que perdoado…
 

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