2022/02/10

A VIDA EM MOVIMENTO

Metro do Porto. Um excelente meio de deslocação entre várias cidades com demasiadas pessoas e ainda mais viaturas. É o transporte público perfeito para estudar a relação entre movimento circular, a falta de discernimento e força humana, com uns galos e arranhões pelo caminho… Nos últimos tempos, o tipo de utilizadores deste transporte público tem vindo a mudar. Arrisco escrever que reflecte o estado (moribundo) da sociedade, com falta de valores, educação e, porque não, higiene! Sabemos que há composições que, em pleno dia, parecem uma lixeira a céu aberto! Garrafas, embalagens diversas, pacotes de bolachas, pastilhas elásticas, cigarros, jornais, etc. E, neste ponto, tenho de aplaudir o esforço dos mais habilidosos que procuram as junções dos bancos para colocar o próprio entulho. Seria bem mais prático (e razoável) utilizar o caixote do lixo nas estações. Sabem, é para isso que eles estão lá!

A empresa tem vindo a apostar na educação cívica dos utilizadores. Por incrível que pareça, ao fim de mais de uma década, ainda é necessário explicar às pessoas que querem entrar que devem aguardar pelas que pretendem sair. Foi adoptado um sistema de zebrado para libertar os espaços de circulação. O resultado, nas estações mais movimentadas, chega a ser caótico! Os mais renitentes – que entendem tudo ao contrário – ocupam o zebrado e provocam a confusão aquando da chegada do veículo. Fosse filmado a preto e branco e tínhamos um pequeno filme ao estilo Charlie Chaplin! Ficam estarrecidos com o som do fecho das portas! E se uns compreendem que há um tempo limite de espera nas estações (e aguardam poucos minutos pelo próximo), outros resolvem utilizar a prepotência e massa bruta para, num gesto animalesco, bloquear a porta. Não me recordo de outro tipo de transporte público que autorize esta proeza… Por vezes, o equipamento vence e lá fica uma mão trilhada. Quando isto acontece, aparece sempre uma reclamação. É a ironia desta vida: um prevaricador arranjar motivo para reclamar! Abençoado seja!

A compra de títulos de viagem é ritual que também, ao longo dos últimos anos, deixou de se praticar. Os renegados da sociedade (ou mitras) viajam constantemente sem título de transporte e, pasmem-se, ainda conseguem desdenhar das condições de viagem! Estão familiarizados com a rotina dos vigilantes e sabem que a justiça da Terra dos Tugas dá-lhes o estatuto de intocáveis! Arrisco dizer que, para eles, o crime compensa! Bem, esta viagem terminou. O tempo urge! Outra começa. São vários quilómetros percorridos nesta rotina diária… Termino a crónica, citando Stephen King: “O Inferno é uma repetição! Fazemos a mesma coisa vezes sem conta”. Sendo assim, lá vou eu para mais uma viagem…
 

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