2018/08/29

UM CANTEIRO DE QUATRO RODAS

Os leitores – que perdem o seu precioso tempo a ler os disparates que escrevo – podem ter opiniões diferentes quanto ao desfecho desta crónica. Porque uns apreciam a Natureza. Outros, nem por isso… Durante vários meses habituei-me a visitar o “Pulgas” – nome fictício – para um gatinho preto, sem dono, que tomava um canteiro como sua habitação. Recebia restos de comida e água fresca de alguém que ainda gosta dos animais. Bastante dócil, ocupava o seu tempo entre mimos das crianças e longas sonecas à sombra da árvore. Mas a vida nas cidades é impiedosa! O aumento da população obriga a disponibilizar mais espaços para as viaturas. Estupidamente cortam-se as árvores! E assim, o “Pulgas” ficou sem sombra...

O seu canteiro ficou reduzido a um pequeno resto de madeira e ervas daninhas. Alheio a todo este frenesim continuou por lá, a receber comida, carinhos e a ronronar de felicidade. A Natureza deixou de embelezar o canteiro daquela avenida. Os Tugas já podem cuidar dos seus afazeres sem obstruir o trânsito. Deixam as viaturas em qualquer sítio para poupar no esforço físico! Civismo?! Quem é esse “gajo”?! Graças a este espírito de desenrasque, muitas vezes, o “Pulgas” tem de se afastar para não ser atropelado por quatro rodas de uma qualquer carripana que insiste em subir o passeio para estacionar no canteiro. Porque, infelizmente, há gente para tudo. Os outros, claro.

Sem comentários:

Enviar um comentário